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236-Mundo do Samsara

  • Foto do escritor: Rafael_Fera
    Rafael_Fera
  • 14 de mai.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 15 de mai.

Kael abriu os olhos lentamente. De repente, várias memórias começaram a aparecer em sua mente: seu nome era Kael, ele era o quarto filho do mestre de um clã de cultivadores, seu talento para o cultivo era relativamente bom.


Mais e mais memórias invadiram a mente de Kael. Ele teve uma sensação estranha. Não eram simplesmente memórias, sentia como se realmente tivesse vivenciado tudo isso. Ele se lembrava de seus pais, seus irmãos, da disputa entre alguns clãs.


Kael levou a mão à cabeça enquanto franzia a testa em desconforto. "Então esse é o mundo do Samsara?"


"É como se eu realmente estivesse vivendo uma outra vida." Kael estava atordoado. Tudo parecia tão real.


Depois de entender a situação e se acalmar um pouco, Kael sentou-se e começou a contemplar.


"Nesse mundo eu tenho 16 anos, meu cultivo desapareceu..." Kael murmurou essas palavras, mas não estava muito chocado. De acordo com suas memórias, isso era normal. Ele já havia começado a cultivar nesse mundo, mas ainda estava no início de suas realizações. Além disso, o método de cultivo era diferente do "mundo exterior".


Kael colocou a mão no queixo e continuou murmurando: "Aqui as pessoas cultivam absorvendo a energia das estrelas, e os níveis de cultivo são divididos em três: humano, terra e céu. Mas essa é a informação que meu clã tem. Meu clã não é muito grande, então talvez existam níveis superiores que não estamos cientes."


"Agora estou próximo de atingir o nível humano. Quando isso acontecer, poderei ser considerado um cultivador relativamente decente."


De acordo com as memórias de Kael, mesmo que ainda não tivesse atingido o nível humano, ele ainda era muito mais forte do que uma pessoa normal. E seu nível estava próximo do que uma pessoa de sua idade deveria ter. Bem, se ele fosse considerado bastante talentoso, já teria atingido o nível humano quando tinha cerca de 13 anos, o que foi o caso de seu primeiro irmão, o mais velho dos quatro.


Porém, o irmão mais velho, além de ser o mais talentoso, é o que o clã mais favorece quando se trata de recursos. Então o desempenho de Kael realmente não era considerado muito ruim. Além disso, mesmo sendo o quarto irmão, todos o tratavam bem, sejam seus pais, seus irmãos ou as outras pessoas do clã.


Kael não pôde deixar de suspirar. "Talvez em um clã tão pequeno não existam tantas maquinações."


Se fosse em um grande clã, muito provavelmente os irmãos estariam lutando uns contra os outros, fazendo de tudo para se tornarem os mais favorecidos. E aqueles que tivessem menos talento seriam cada vez mais afastados e até desprezados. Apesar de o talento de Kael não ser muito ruim, uma diferença de três anos para romper ainda era algo que com certeza impactaria no futuro. Quanto mais rápido alguém rompe os níveis de cultivo, maior a probabilidade de ir mais longe. Então Kael entendia que, se essa mesma situação ocorresse em um grande clã, ele provavelmente já teria sido abandonado.


Enquanto Kael pensava nessas coisas, alguém bateu na porta.


"Entre!" Disse ele.


A pessoa que entrou era uma jovem bonita. Parecia ter menos de 30 anos e tinha o cabelo amarrado em uma longa trança.


"Kael, o mestre deseja conversar com você." Disse ela.


Kael revelou um sorriso. "Ana, diga a ele que irei em um instante."


A resposta de Kael foi completamente natural. Não teve dificuldade para responder, nem forçou uma resposta. Afinal, ele tinha a sensação de que conviveu com essa mulher por muitos anos. Ela cuidou dele e de seus irmãos enquanto cresciam.


Ana curvou-se levemente e saiu do quarto.


Kael sabia que o mestre a quem Ana se referia era seu pai. Apesar de ter uma sensação de proximidade com as pessoas desse mundo por causa das memórias que ganhou, seu coração estava um pouco em conflito. Afinal, ele também tinha suas outras memórias e sabia que seus verdadeiros pais eram Orion e Aria.


"Não tem jeito, no momento terei que viver de acordo com esse mundo." Suspirou ele. Então se levantou e saiu.


Enquanto caminhava pelos corredores da casa, Kael encontrou alguns criados. Todos davam sorrisos calorosos e o cumprimentavam, e Kael sempre retribuía os cumprimentos.


"Oh, Kael, onde você está indo?" Uma voz falou de repente.


Kael olhou para o lado e percebeu que era seu terceiro irmão. Então respondeu com um sorriso no rosto: "Irmão Fred, o pai me convocou."


Fred pareceu surpreso. "Você não fez nada de errado, certo?"


"Claro que não, por que você pensaria isso? Não é como se ele nunca me convocasse." Kael balançou a cabeça de forma exagerada, como se não conseguisse entender a reação de Fred.


De repente, Kael semicerrou os olhos, parecendo entender algo. "Entendo, você vive causando confusão, então quando o pai te convoca normalmente é para te repreender."


Fred congelou. "Hump, que besteira você está dizendo? Quem causa confusão?"


Terminando de falar, Fred saiu de repente, como se tivesse sido pego no flagra.


Kael deu uma risada antes de continuar seu caminho.


Chegando no quarto do mestre do clã, Kael deu duas batidas na porta e entrou antes mesmo de receber uma resposta.


Dentro do quarto, Kael encontrou um homem de meia-idade. O homem estava sentado à mesa, trabalhando em alguma papelada.


"Como está o seu cultivo? Ainda não conseguiu atingir o reino humano?" O homem perguntou sem nem mesmo levantar a cabeça.


"Pai, seu filho é inútil. Sinto que estou perto de romper, mas ainda não consegui." Kael falou calmamente. Ele não estava surpreso com a atitude do homem. Esse pai sempre foi bastante rigoroso, mas, como se viu, se preocupa com o cultivo dos filhos.


"Se precisar de algumas ervas medicinais, pode pegá-las no estoque. Você já tem 16 anos, se demorar mais para romper, pode acabar prejudicando seu futuro."


"Entendido!" Respondeu Kael.


"Não abuse e acabe pegando mais do que o necessário. Você pode sair." O mestre do clã falou novamente. Do início ao fim, ele sempre esteve lendo os pergaminhos ou escrevendo algo.


Quando Kael estava prestes a se virar para sair, um homem entrou no quarto correndo.


"Mestre do clã, isso é ruim, estamos sendo atacados!!" Gritou o homem, desesperado.


O mestre do clã levantou-se rapidamente. Sua expressão estava extremamente fria. "É o clã Che de novo?"


Esse também foi o pensamento de Kael. O clã Che era o maior rival deles. Os dois clãs sempre estiveram em conflito e, recentemente, as coisas tinham ficado piores. Muitos cultivadores de ambos os clãs foram mortos enquanto saíam para treinar ou cumprir missões. Mas era difícil pensar que o clã Che lançaria um ataque. Afinal, suas forças eram semelhantes. Se uma batalha completa eclodisse, os dois lados sofreriam baixas terríveis. Então era provável que eles tivessem vindo apenas para criar confusão.


Porém, as próximas palavras do homem chocaram Kael e o mestre do clã:

"Não é apenas o clã Che. Eles se uniram com vários outros clãs. Nós já estamos completamente cercados."


"O quê?" O mestre do clã gritou, incrédulo.


"Como isso é possível? O clã Che não deveria ter a capacidade de unir esses clãs para nos atacar. Além disso, que tipo de benefícios teriam por nos destruir?" O mestre do clã não conseguia acreditar na situação, mas ele não perdeu tempo e saiu correndo. Ele tinha que reagir.


Kael também saiu correndo, mas sua velocidade era muito inferior à do seu pai.


Kael também não conseguia entender a situação. O clã Che era um inimigo, mas seu clã sempre teve boas relações com os outros. Não tinha motivo para se unirem contra eles. E o clã Che não devia ser capaz de fornecer uma recompensa que fosse alta o suficiente para isso.


Mas a situação já estava acontecendo, então ele só podia enterrar as dúvidas em seu coração enquanto corria para fora.


Quando Kael chegou do lado de fora, sentiu seu coração gelar. Ele podia sentir o cheiro de sangue e ouvir os gritos nos arredores, o lugar estava manchado de vermelho, vários corpos estavam espalhados pelo chão. Ele até viu o corpo de Fred decapitado. Seu pai estava flutuando no ar, cercado por cinco cultivadores. Suas vestes também estavam manchadas de sangue e ele tinha um grande buraco no peito.


"Como isso é possível? Por que isso aconteceu de repente?" Kael ainda estava em choque. Seu pai tinha acabado de sair, mas já estava gravemente ferido. Seu irmão foi morto junto com várias outras pessoas.


Ele olhou em outra direção e viu seus outros irmãos lutando contra alguns cultivadores. Mas a diferença no nível de cultivo era grande demais. Eles não tinham como resistir e foram mortos um por um.


O irmão mais velho estava protegendo sua mãe, mas uma lança o empalou, tirando sua vida.


"Não!!" Kael gritou e saiu correndo. Ele sentiu uma dor no coração ao ver aquelas pessoas morrendo, suas mãos estavam trêmulas e sua mente agitada. Aquela era sua família. Uma família que vivia feliz e em harmonia. Todos os seus irmãos foram mortos, e sua mãe estava prestes a ser atacada.


A mulher olhou para Kael com os olhos cheios de lágrimas e desespero.


"Kael, fuja!!" Gritou ela.


Quando a voz desapareceu, uma espada a acertou, cortando do ombro à cintura.


"Aaaaaaaaaaa!!!" Vendo sua família sendo morta, o mestre do clã rugiu de raiva e desespero.


Vendo sua mãe morrendo diante de seus olhos, Kael também rugiu, mas ele era impotente. Não conseguiu chegar a tempo para salvá-la, nem teria força para vingá-la.


"Kael, fuja, você tem que sobreviver!" O mestre do clã gritou antes de se jogar nos oponentes. Ele queria segurá-los para tentar ganhar algum tempo para Kael.


Nesse momento, Kael estava em completo desespero, estava completamente impotente. Ele olhou para o mestre do clã, o homem que sempre foi rígido, mas que sempre se preocupou com ele. Nesse momento, estava fazendo o máximo para tentar lhe dar uma mínima chance de escapar. Mas Kael sabia que era inútil. Ele já estava cercado por vários cultivadores.


O corpo do mestre do clã foi crivado pelas armas dos inimigos, e sua vida também chegou ao fim.


Kael ficou paralisado, olhando para os corpos de todos. Lágrimas escorreram de seus olhos. Ele nunca se sentiu tão impotente. As coisas aconteceram simplesmente rápido demais, tão rápido que ele ainda não conseguia acompanhar. Seu cultivo era insignificante e não podia fazer simplesmente nada.


Enquanto Kael estava congelado, uma espada perfurou seu coração.


Kael cuspiu um bocado de sangue. Ele olhou para o cultivador na sua frente. O homem tinha um sorriso selvagem no rosto.


O cultivador puxou a espada e o corpo de Kael caiu para frente, desabando no chão.


‘’Eu mal vim para esse mundo, mas já perdi tudo. Nem tive a chance de cultivar e perdi minha família, e estou prestes a perder a vida.’’ Esse pensamento passou pela mente de Kael. Ele estava resignado, ele não estava disposto, mas sua consciência começou a desaparecer, até que se apagou completamente, e ele... morreu.



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