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262-Mudanças Chocantes

  • Foto do escritor: Rafael_Fera
    Rafael_Fera
  • 6 de out.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 10 de out.

Kael entrou na tenda em que as garotas deveriam estar, mas não encontrou ninguém. O lugar estava vazio e silencioso.


“Onde elas devem ter ido?” Se perguntou.


Kael estava ansioso para encontrá-las, então ficou um pouco desapontado, mas não havia nada que pudesse fazer. Ele apenas aguardaria que retornassem.


Caminhou até o canto e se sentou de pernas cruzadas. Aproveitaria aquele momento para verificar o estado de seu corpo, afinal, passou seis meses no Mundo do Samsara.


Assim que começou a verificação, Kael ficou surpreso. Seu cultivo tinha aumentado: agora estava no Pico da Condensação Superior.


“Quando entrei no Mundo do Samsara estava no início da Condensação Superior. De acordo com o que sei, o cultivo das pessoas que entraram não deveria aumentar”, pensou ele, intrigado.


Normalmente Kael teria percebido facilmente essa mudança em seu nível de cultivo, mas ele viveu outra vida, passou um século aumentando seu poder de forma completamente diferente, tendo outras sensações. Então, agora que voltou, ainda estava se readaptando e só notou a mudança quando sentiu com calma.


Apesar de surpreso, Kael estava animado. Normalmente seria difícil, senão impossível, conseguir tal avanço em apenas seis meses, mas ele havia feito isso sem nem perceber.

Depois de analisar seu cultivo, Kael decidiu verificar o pequeno mundo e, após enviar sua consciência para o mesmo, ficou chocado novamente.


O pequeno mundo estava muito diferente de antes: sua área crescera bastante; florestas, oceanos, rios e desertos eram abundantes. Mas o mais absurdo era a população — tanto de animais quanto de pessoas —, que havia se multiplicado de forma astronômica.


“Como isso é possível?”, Kael se perguntou, incrédulo.


Mesmo que ele estivesse acelerando um pouco o tempo no pequeno mundo, era simplesmente impossível uma mudança daquelas ocorrer em apenas seis meses. Ele até podia aceitar o aumento do tamanho do planeta, mas o aumento populacional era ridículo demais.


“Antes não tinha nem trinta mil pessoas, mas agora a população ultrapassa a marca dos milhões”, sussurrou ele.


Kael tentou se acalmar e continuou verificando. As leis estavam muito mais completas e poderosas; grande parte da população agora era composta por cultivadores. A Árvore da Vida...


Olhando para a Árvore da Vida, os olhos de Kael se arregalaram. O que antes era apenas uma pequena planta, que cabia na palma de sua mão, agora era uma árvore colossal, que parecia poder tocar o céu.


A árvore era gigantesca, tanto em altura quanto em circunferência. A energia que liberava era ainda mais incrível do que antes e continuava banhando todas as partes do pequeno mundo. Se Kael não tivesse colocado a Árvore da Vida em um espaço separado, as pessoas do pequeno mundo ficariam maravilhadas com sua magnificência — talvez até a adorassem como alguma forma de divindade.


A mente de Kael estava girando, tentando processar o que havia acontecido para provocar uma mudança tão drástica. Ele estendeu sua consciência e tentou encontrar alguns rostos conhecidos, mas não teve sucesso.


O velho Shin e as pessoas da pequena cidade que Kael havia resgatado não estavam em lugar nenhum. O mundo estava cheio de cidades, clãs e seitas, mas aquelas pessoas pareciam ter evaporado.


Claro, Kael não conseguia se lembrar da aparência de todos eles, mas os rostos de muitos ainda estavam frescos em sua mente.


Quando estava ficando sem ideias, Kael de repente pensou em algo e começou a tentar se conectar com as leis do pequeno mundo. No início, não aconteceu nada, mas, aos poucos, ele começou a ter uma sensação estranha: era como se sua mente estivesse sendo sugada por alguma coisa.


Inicialmente Kael ficou um pouco nervoso, mas percebeu que não era algo prejudicial, e ele não estava sentindo nenhum desconforto, então não tentou impedir o processo. Aos poucos, imagens começaram a surgir em sua mente. Essas imagens se interligaram e formaram algo parecido com um filme, e esse filme começou a acelerar.


Kael viu o tempo passando e o pequeno mundo mudando. A população crescia, as pessoas cultivavam, criavam cada vez mais cidades. Os residentes iniciais começaram a envelhecer e, eventualmente, morrer.


Mesmo que tivessem começado a cultivar, ainda estavam no estágio inicial; o talento deles não era muito bom, e muitos já estavam velhos demais para conseguirem realizações significativas.


Mesmo que aquelas pessoas não tenham conseguido evoluir muito no cultivo, deixaram para trás suas experiências e descendentes. Utilizando o que aprenderam com seus antecessores e os benefícios oferecidos pela Árvore da Vida, a nova geração era muito mais talentosa. Eles cultivaram, evoluíram e geraram descendentes, e esse ciclo continuou.


Porém, além dos métodos e técnicas de cultivo, outra coisa sempre era transmitida para a nova geração: a fé no Deus Kael e nas Deusas.


Todos aprendiam que esse mundo foi criado pelo Deus Kael, que ele os libertou da opressão e lhes deu nova vida, e aprendiam seus mandamentos. Na verdade, a grande maioria desses chamados mandamentos foi criada pelos primeiros residentes, mas eles realmente se enquadravam nos gostos de Kael. A única coisa que ele realmente decretou estava no topo desses mandamentos: “Se alguém ou algum grupo adquirir grande poder através das técnicas que eu fornecer e usar esse poder para oprimir pessoas comuns, como aconteceu no mundo exterior, eu os destruirei!”


Como se pode imaginar, com o passar do tempo muitas pessoas pararam de acreditar na existência de Kael, pensando que eram apenas histórias inventadas pelas pessoas do passado e que não existia nenhum Deus. Porém, alguns acontecimentos históricos forçavam os descrentes a reavaliarem seus pensamentos.


A “cidade inicial” continuou a existir e era o centro da fé em Kael. Indivíduos descrentes e arrogantes tentaram destruir as estátuas do Deus e das Deusas, mas, não importava quanto poder usassem, ninguém foi capaz de danificá-las.


Pessoas que adquiriram muito poder foram dominadas pela arrogância e tentaram dominar o mundo ou se autodenominar Deus. Várias guerras aconteceram, envolvendo esses indivíduos e as pessoas que se recusavam a se curvar ou que se recusavam a abandonar sua fé.


Porém, no momento em que essas pessoas poderosas passavam da linha e iniciavam massacres em larga escala, recebiam “punição divina”. Sem exceção, sempre que indivíduos assim surgiam, eram eliminados.


A última ocorrência registrada foi há cem anos. A sede de um clã que havia realizado um massacre foi alvejada por uma chuva de relâmpagos e completamente dizimada. Até os dias atuais, os relâmpagos caem de forma incessante, como se para lembrar a todos das consequências de tais atos — e aquele lugar virou uma área proibida.


Vendo tudo aquilo, Kael ficou pasmo. Ele nunca imaginou que as leis protegeriam as estátuas e até mesmo realizariam seu decreto, punindo os infratores. Mas, no fundo, ele ficou aliviado: se não fosse por isso, o pequeno mundo poderia ter se transformado em uma bagunça, afinal, enquanto aconteciam todas aquelas coisas, ele não estava presente.


“Mas afinal, o que diabos aconteceu? De alguma forma isso deve estar relacionado ao Mundo do Samsara.” Essa era a única coisa que Kael conseguia pensar.


Por algum motivo, o tempo do pequeno mundo passou muito mais rápido enquanto ele estava no Mundo do Samsara, e a evolução do pequeno mundo deve ter sido o motivo do aumento em seu cultivo.


“O pequeno mundo evoluiu tanto que meu cultivo foi forçado a acompanhar. As leis até chegaram a um ponto em que conseguem me mostrar todos esses acontecimentos do passado.”


Kael estava animado. Ele acreditava que sua especulação estava correta; mesmo que não estivesse, não importava. Seu cultivo aumentou, e com tamanha evolução do pequeno mundo sua força devia ter atingido um patamar completamente diferente.


Mesmo que seu poder atual não pudesse se comparar ao nível que ele atingiu em sua última vida no Mundo do Samsara, Kael tinha certeza de que seria capaz de ultrapassar aquele nível. Ele tinha plena confiança no potencial de sua Semente do Universo.


Enquanto suprimia sua excitação, Kael observou os residentes um pouco mais. O cultivo de muitos havia atingido o Início do Núcleo Espiritual.


Aqueles cultivadores ainda trabalhavam de forma diligente, tentando romper esse nível, mas Kael sabia que não teriam sucesso — pelo menos não teriam antes. Agora que ele retornou, seu cultivo continuaria a aumentar, e essas pessoas também teriam a chance de continuar evoluindo.


O pequeno mundo agora estava bastante estável, normalmente suportaria pessoas com cultivos mais elevados, mas por algum motivo estavam sendo suprimidos pelo cultivo de Kael.


Kael também viu muitas pessoas orando, agradecendo ou fazendo pedidos a ele.


Ele prestou atenção particular em uma pessoa que estava cheia de tristeza. O homem era um trabalhador rural que recentemente havia sofrido um acidente e não conseguia andar. Sua filha ainda era pequena e sua esposa estava grávida novamente. Ele era o único capaz de sustentar a família, e agora passavam por um momento difícil e já estavam passando fome.


Mesmo com bastante dificuldade, o homem se arrastou e se ajoelhou em frente a uma pequena estátua de Kael que estava em uma prateleira.


Enquanto observava, Kael percebeu pequenos fios dourados saindo do corpo do homem — não apenas dele, mas também das outras pessoas que oravam. Instintivamente, algo surgiu para ele, como uma revelação: o poder da fé.


Kael não sabia o que era o poder da fé, nem por que sabia sobre ele — simplesmente sabia.


“Perguntarei a Lia sobre isso depois”, pensou.


Então Kael olhou novamente para o homem e, depois de hesitar um pouco, começou a reunir uma grande quantidade de energia da vida ao redor dele.


O homem se assustou um pouco, como se sentisse uma energia estranha entrando em seu corpo, mas, em seguida, ficou chocado: ele percebeu que não sentia mais dor e, quando tentou se levantar, conseguiu.


Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto enquanto ele olhava para a pequena estátua. “Obrigado, Deus Kael, muito obrigado!!”


Kael revelou um pequeno sorriso e retirou sua consciência. Com a energia da Árvore da Vida, curar uma pessoa comum era fácil para ele.




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